Em mais um domingo de lutas o
Comitê pela Democracia de São Sebastião (DF) realizou ato de protesto pela
execução da vereadora carioca, Marielle Franco, na Feira Permanente da cidade,
no último domingo (18). O grito das mulheres negras e periféricas ecoou no vale
da antiga Fazenda Papuda. Vozes ancestrais se uniram tornando luto em luta na
cidade que também foi marcada pela escravidão em sua origem no século 18, e
segue na defesa da democracia pelo fim do racismo estrutural que destrói corpos
negros como se não fossem nada.
Emocionada, a companheira
Regina Araújo, mulher negra e militante do Comitê bradou alto em defesa da
memória de Marielle contra o genocídio de seu povo: "Este extermínio tem
que acabar. Nossa comunidade não pode se calar diante de tanta desgraça que
sempre atinge a nós mulheres pretas. Nós vamos seguir lutando na política em
homenagem à Marielle", gritou Regina.
Militante feminista da
comunidade de São Sebastião, Hellen Cristhyan Kalo, da Casa Frida, leu o poema
emocionado que denuncia mais essa agressão contra as mulheres que ousam tomar o
poder das mãos do patriarcado. Hellen lembrou indignada a morte de Clésia
Andrade, há menos de dois meses, mais um caso de feminicídio executado pelo
próprio namorado da vítima, cabo da Polícia Militar. "O caso de Marielle
envolve indícios de execução cometida por policiais. Clésia Andrade foi morta
há menos de dois meses por mais um homem desumanizado nessa corporação. Não
estamos aqui contra os trabalhadores da segurança, mas contra essa lógica de
uma sociedade em guerra, que assassina mulheres todos os dias. Corporações
militares que desumanizam profissionais para supostamente garantir a segurança,
e depois não tem controle sobre o que eles fazem com a população. Empresários
lucram com nossa desgraça, seja no tráfico ou nas nossas vidas familiares, nos
mantendo nessa maldita guerra às drogas e contra a dignidade da vida dos
soldados e da classe trabalhadora nas periferias", protestou Helen.
Francisco Neri, jovem negro e
militante da comunidade de São Sebastião, foi às lágrimas ao constatar que a
periferia segue sangrando. "Quantos mais de nós teremos que morrer.
Marielle falou disso antes de ser morta. Isso não pode mais se repetir. Cada um
de nós negros e negras, devemos eleger muitas Marielles, jovens, negros, periféricos,
mães para que essas execuções nunca mais se repitam", disse Francisco.
Entenda
o Caso
No dia 14 de março a noite, ao
retonar de uma agenda política no Rio de Janeiro, a vereadora pelo Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle Franco, foi executada com nove tiros.
Além dela o motorista que a acompanhava, Anderson Pedro Gomes, de 38 anos,
também faleceu depois ser baleado. Marielle havia recentemente denunciado o
assassinato de um jovem não envolvido em tráfico ou qualquer outro crime na favela
por policiais de um dos quartéis que mais matam em operações no Rio de Janeiro.
A morte da vereadora ganhou repercussão internacional e segue mobilizando
coletivos, partidos e movimentos em defesa da democracia brasileira.
Reportagem
Vinicius Borba
Publicado originalmente em:
https://www.facebook.com/SaoSebasComPT/
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