6 de setembro de 2019

ONGs denunciam enfraquecimento da proteção da Amazônia com governo Bolsonaro

Especialistas alertam que mesmo após desastre das queimadas, governo não tomou nenhuma medida concreta a longo prazo. E parece incentivar destruição do bioma

Publicado por Redação RBA 05/09/2019 14:31 



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ARQUIVO EBC
"Não é exatamente que o governo não faz nada, ele incentiva essa situação, por exemplo desautoriza operações do Ibama, persegue fiscais do ICMBio, coloca culpa em ONGs, em indígenas", ironiza Marcio Astrini
São Paulo – Nesta quinta-feira (5), em que se celebra do Dia da Amazônia, Organizações Não-Governamentais (ONGs) denunciam que o governo de Jair Bolsonaro, mesmo após todo escândalo internacional sobre o aumento de focos de incêndio e queimadas no bioma, não apresentou nenhuma medida concreta de combate ao desmatamento. “O máximo que fez foi enviar o Exército para estancar uma sangria, e tem data, o Exército em algum momento sai de lá”, afirma o coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, Márcio Astrini.
Em entrevista à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual, o coordenador destaca que, ao contrário, o governo Bolsonaro parece enfraquecer institucionalmente a proteção dessa que é a floresta com fauna e flora mais rica do planeta.
“Não é exatamente que o governo não faz nada, ele incentiva essa situação, por exemplo desautoriza operações do Ibama, persegue fiscais do ICMBio, coloca culpa em ONGs, em indígenas, diz que vai abrir terras indígenas para mineração e agropecuária, há todo momento o governo tá fazendo declarações ou tomando atitudes que vão criando um quadro contra a floresta. O crime ambiental, que está instalado, já entendeu o recado e está agindo, infelizmente a ação deles resulta nisso que a gente está vendo, muito fogo e destruição da Amazônia”, adverte Astrini.

Ouça reportagem sobre Dia da Amazonia na Rádio Brasil Atual

Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) sobre a taxa de desmatamento da Amazônia, mostram um corte de 1.209 quilômetros quadrados em julho, o mais alto índice de desmatamento em um mês desde 2015, também 102% maior do que o observado no mesmo período do ano passado.
Especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA) Nurit Bensusan observa que não é apenas a biodiversidade, as espécies, os povos indígenas e comunidades locais que perdem com o enfraquecimento da Amazônia. “Esse são os impactos mais imediatos”, ressalta. “Mas tem mudanças climáticas locais que podem afetar a qualidade de vida das pessoas, a disponibilidade e qualidade de água, temos várias capitais que passaram por graves crises hídricas, São Paulo e Brasília são exemplos. E essa situação pode se agravar muito a curto prazo com a destruição da Amazônia, mas você também tem todo um prejuízo para a agricultura e o agronegócio brasileiro que dependem muito do regime de chuvas”, analisa Nurit.
Mas, apesar desses efeitos da crise ambiental e suas proporções, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace destaca que a mobilização da sociedade civil em torno da defesa do bioma deve ser celebrada neste Dia da Amazônia. “A vigilância sobre a Amazônia ela tem de ser constante, isso é um patrimônio nosso, dos brasileiros, cabe a nós cuidar dessa floresta, é por isso que é tão importante as pessoas se mobilizarem e estarem atentas ao que está acontecendo”, destaca Astrini.





DIA DE LUTA

Atos nesta quinta-feira em várias cidades do país exigem a preservação da Amazônia

“Se nós queremos falar de conservação da Amazônia, é fundamental nós dizermos quem está atacando e destruindo os nossos territórios”, diz líder do MST
  07:31
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ESA / NASA – L. PARMITANO
Foto feita por astronauta da Nasa, em 24 de agosto, mostra a floresta amazônica tomada por incêndios
São Paulo – Se em anos anteriores, o Dia da Amazônia, 5 de setembro, passou despercebido, desta vez será diferente. Não por um motivo nobre, mas graças à crise ambiental em que o governo Bolsonaro jogou o país, com suas declarações contra as medidas ambientais, o que foi um “acendedor” das queimadas na região da floresta.
Nesta quinta-feira (5), são realizados atos em várias cidades do país contra a destruição da floresta. Haverá caminhadas e panfletagens. A atividade também vai questionar o impacto de grandes obras para os povos tradicionais (veja agenda abaixo).
Antecipando-se à data, o plenário da Câmara dos Deputados promoveu uma comissão geral na manhã desta quarta-feira (4) para debater a preservação e a proteção da Amazônia. Um dos destaques da sessão foi a fala do membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Luiz Zarref.
“Se nós queremos falar de conservação da Amazônia, é fundamental nós dizermos quem está atacando e destruindo os nossos territórios. Tem nome. Quem está em cima do trator puxando o correntão é o agronegócio. Quem está nas dragas, destruindo os nossos territórios é a indústria da mineração. São os megaprojetos de logística para roubar os nossos minérios, a nossa biodiversidade, que estão destruindo a Amazônia”, afirmou.
“As queimadas que nós estamos vendo são uma etapa de um processo que já vem de quatro anos, de violência, de destruição dos nossos territórios, de grilagem de terra, de desmatamento. E depois que passar a temporada dessas queimadas históricas e recordes, mais violência virá, portanto, é fundamental que nós digamos quem são os responsáveis e quem estimula esses responsáveis, que é o governo Bolsonaro”, disse ainda.
No Amapá, a mobilização será no município de Ferreira Gomes. A proposta, segundo Moroni Bemuyal Guimarães, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), é dialogar com secretarias do estado, escolas, representações indígenas e o sindicato dos servidores federais.
“O Amapá é o estado mais preservado entre aspas. O agronegócio está chegando com tudo aqui e nós temos quatro hidrelétricas que também vieram causar um grande estrago, principalmente as nossas populações ribeirinhas, pescadores, quilombolas e também ameaçando as nossas comunidades indígenas”, alerta.
Frede Rênero, da coordenação do MAB de Itaituba, no Pará, afirma que os ciclos econômicos de exploração da floresta não trouxeram benefícios para seus habitantes.
“Fazer um ato em defesa da Amazônia é muito importante, considerando os vários ciclos econômicos que essa região já viveu, que retiraram o direito do povo dessa região, e que de fato não melhoraram a vida do povo. A vida dessas populações está em risco, porque em grande parte nós dependemos da floresta, dependemos da Amazônia para sobreviver”.
Segundo Rênero, os projetos para a Amazônia serviriam apenas aos interesses de grandes grupos econômicos.
“Uma coisa é importante: a gente ajudar a população a refletir, porque a Amazônia tem que servir para melhorar a vida do povo e que ela não tem que servir para melhorar a vida de alguns, que em grande parte são os banqueiros, os grandes fazendeiros, as grandes corporações que têm se apossado e se apropriado do território com o intuito de explorar a cada vez mais encher os bolsos de dinheiro”, afirma.
Os atos estão confirmadas quatro cidades do Pará (Belém, Itaituba, Altamira e Marabá); em três do Ceará ( Fortaleza, Caucaia e Jaguaribara); em Manaus (AM), Macapá (AP), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Brasília m(DF) e São Paulo e Eldorado (SP).
Programação
Belém do Pará 
17h às 20h – Mercado de São Brás
Ato político com exposição e apresentação de grupos populares, incluindo o Batuque das Marias e outros grupos. Às 20h, haverá caminhada até o Museu Emílio Goeldi, com abraço simbólico à instituição
Itaituba – Pará, dias 5, 6 e 7
15h – Auditório do Sintepp
Aula pública no dia 5, seguida de panfletagem no caminho da avenida Getúlio Vargas, onde será realizado o desfile da Semana da Pátria. No dia 6, a programação será no instituto Federal do Pará (IFPA). No dia 7, em articulação com a Igreja católica, haverá um apelo à questão da água potável e da sua importância para a Amazônia.
Marabá – Pará
19h – Vila do Espírito Santo
Ato ecumênico.
Altamira – Pará 
8h – Praça da Bíblia
O ato terá participação de ativistas, organizações populares, professores e estudantes universitários, com aula pública na avenida Pedro Gomes.
Ferreira Gomes – Amapá 
8h – Praça do bairro da Montanha
Ato com organizações ambientais, estudantis e da juventude, movimento sindical, entidades religiosas, pescadores, ribeirinhos, quilombolas e artistas.
Presidente Figueiredo – Amazonas 
Vila de Balbina – horário ainda não definido
Porto Alegre – Rio Grande do Sul 
17h – Esquina democrática
São Paulo – Capital, dia 5
17h – Na Praça da República
Na capital paulista, o evento se une a III Marcha das Mulheres Indígenas.
Eldorado – São Paulo 
9h às 12h – No quilombo do Sapatu.
Brasília – Distrito Federal 
17h – Concentração na Rodoviária do Plano Piloto às 17h e caminhada até o Ministério do Meio Ambiente
*Com informações do Brasil de Fato


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