25 de janeiro de 2011

Rumo às selvas

Como se não bastassem os inúmeros problemas enfrentados no dia-a-dia pelos moradores de São Sebastião-DF, a comunidade atualmente é obrigada a passar por mais uma situação calamitosa que, longe de ser apenas um problema local, está se tornando um descaso generalizado em todo o Distrito Federal.

Andando pelos bairros, ruas e avenidas da cidade, não é difícil constatar a que nível chegou a situação de abandono e depredação dos espaços públicos, em especial os parques - espaços construídos com recursos oriundos de pesados tributos e que a princípio deveriam servir como áreas de cultura, entretenimento, esporte, lazer e diversão em geral para a população. Infelizmente, nem de longe a realidade é essa.


Hoje, quase todos os bairros  contam com parques infantis, o que seria muito louvável se a maioria não estivesse enferrujada e drasticamente infestada pelo matagal, por todo tipo de lixo e se tornado predileto ponto de uso, compra e venda de drogas. Esses espaços também servem como local de ocultação e negociação de objetos de furto e raras são as vezes que o policiamento faz ronda pela área.

O descaso em relação ao uso adequado dos espaços públicos na cidade não é de hoje. A cena mais comum para quem se arriscar a visitar o parque localizado em frente ao Projeto Vida Padre Gailhac (Bairro São José) será a do mais completo abandono, apesar do tremendo esforço coletivo dos educadores da instituição para manter o espaço limpo e conservado. E os problemas não param por ai. Violência e vandalismo  no Bairro São José já se tornaram comuns. A professora Badia, coordenadora do Projeto Vida, fez um apelo à nova administração para a que a mesma  tome medidas em caráter de emergência, dado o precário estado do local e a constante onda de assaltos, inclusive durante o dia, aos transeuntes e aos próprios funcionários do projeto.


“Nós estamos entregues a esse mato aqui. Lógico que a nossa comunidade precisa ser vista. Veja só o estado, olha o tamanho do mato. E ali, naquele espaço, nós temos um vão que eles [marginais] fizeram para traficar e para usar drogas. Não podemos conviver com uma situação dessas em pleno coração da cidade. São Sebastião precisa ser protegida, arrumada. Não estamos aqui para pedir nada para nós, mas para a comunidade. 


Para a professora, o parquinho outrora construído para proporcionar lazer para as crianças, para as pessoas da comunidade, hoje, infelizmente, está se tornando um desprazer, um ambiente perigoso. "As aulas já  estão por começar e não podemos continuar assim", reclama.

Os jovens que freqüentam o parque consomem drogas à luz do dia e é comum a comercialização de objetos furtados no local, complementa Abadia.


Educador do Projeto Vida e professor de artes marciais, o professor Ninã criticou a situação do parque e chamou a atenção para o perigo que a criminalidade e as drogas representam para as crianças.



As perguntas que ficam para o amigo leitor são: onde está o Poder Público? Até quando a Administração Regional fará vistas grossas para um problema rotineiro que põe diretamente em risco a vida de crianças e jovens, e da comunidade em geral? 



O cenário não é dos melhores, mas o momento seria muito apropriado para a nossa administradora encontrar uma brechinha na sua agenda e visitar cada bairro, cada rua, cada parquinho-selva para oferecer um belo café-da-manhã aos moradores e aproveitar a ocasião para ouvir a comunidade e discutir soluções para os muitos problemas, a começar pelo mato e pelo lixo. Não é muito, mas já seria um bom começo, evitando que a cidade inteira caminhe rumo às selvas.

Por Francisco Neri

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