2 de julho de 2023

Em defesa do SUAS, Rede Socioassistencial e Organizações da Sociedade Civil realizam Primeira Conferência Livre de Assistência Social de São Sebastião

                                  
O Instituto Federal de Brasília - IFB Campus São Sebastião, foi palco da Primeira Conferência Livre de Assistência Social da cidade, realizada no dia 24 de junho, das 8h às 17h.

O encontro representou momento significativo para avaliar os problemas, avanços e desafios dessa política pública e oportunizar a discussão de propostas para o aprimoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais.

Valorizando o debate de ideias  e a participação social,  o evento reuniu usuários(as) dos serviços, trabalhadores(as) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), representantes de instituições e lideranças comunitárias para avaliar os principais problemas enfrentados no acesso aos serviços ofertados e discutir propostas de melhoria, como a construção de mais equipamentos (CRAS, CREAS) e a ampliação de recursos para a área, constituindo imporante etapa preparatória para as conferências Regional, que acontecerá em agosto, e a Distrital, em 5 e 6 de outubro.

A atividade foi organizada pela Rede Socioassistencial de São Sebastião, sob a coordenação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), envolvendo a participação do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS); Vila da Cidadania; Associação Ludocriate / Brinquedoteca de São Sebastião; Associação Comunitária de São Sebastião (ASCOM) e o Projeto Casa Azul Felipe Augusto, instituições parceiras que prestam o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV); o Instituto Inclusão e Instituto Berço da Cidadania, que executam o serviço de acolhimento institucional no território.

Com o tema “Reconstrução do Sistema Único de Assistência Social (Suas): O Suas que temos e o Suas que queremos”, as discussões dos encontros deste ano estão focadas nos cinco eixos da 15ª Conferência Distrital. São eles: Financiamento; Controle social; Articulação entre os segmentos; Serviços, Programas e Projetos; e Benefício e Transferência de Renda, conforme a Resolução nº 13 do Conselho de Assistência Social do DF. 

Mobilização e participação social    

Gabriela Fogaça, Assistente Social e gerente do CRAS São Sebastião, fez a abertura dos trabalhos, abordando o tema “O panorama atual da Assistência Social no DF: Desafios e perspectivas." Ressaltou a importância das conferências livres como espaços privilegiados para a escuta da comunidade, especialmente daqueles e daquelas que mais demandam os serviços no seu cotidiano.

“A Primeira Conferência Livre é o início de um caminho em direção à participação social e construção coletiva. Acredito que tanto trabalhadores como usuários viram o potencial da construção e mobilização em realizar um espaço de discussão e proposição de políticas públicas. Espero e irei trabalhar para que tenhamos não só momentos como esses, mas também diversas outras construções coletivas dentro do nosso território”, destacou a profissional.

Gabriela enfatizou a importância do momento e enalteceu a presença  do público, que praticamente lotou o auditório do IFB. Defendeu maior proximidade dos equipamentos da assitência com a população. "Enquanto gestora do CRAS e moradora desta cidade, quero falar sobre o SUAS que queremos. Espero muito que a gente avance principalmente no controle social, que consigamos aproximar cada vez mais o CRAS da população, seja com o trabalho social com as famílais ou mesmo movimentando ações comunitárias. Este é o SUAS que queremos: as pessoas participando, opinando e tendo voz em todo esse processo de construção." Acompanhe um trecho da fala no vídeo a seguir.

Além de Fogaça, também compuseram a mesa de abertura Rita Marlene Salcedo Cardenas, usuária dos serviços socioassistenciais; Coracy Coelho Chavante, Subsecretário de Assistência Social, da Secretaria de Desenvolvimento Social, e Presidente do Conselho de Assistência Social do DF (CAS-DF); Wagner Antônio, trabalhador do SUAS; Wesley Oliveira, professor do IFB; Clayton Avelar, Trabalhador do SUAS e Diretor de Comunicação do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF; Alan Kardec Martins Gonçalves, usuário do serviço de acolhimento institucional; Manoel Pina, Membro do Conselho de Assistência Social do DF (CAS-DF) e Coordenador da Associação Comunitária de São Sebastião (ASCOM).

                                       Foto: Paulo Melo.

Representando o Diretor-Geral do IFB, professor Robson Caldas, o professor Wesley Oliveira recepcionou os participantes. “É com muita alegria que o campus IFB São Sebastião abre suas portas mais uma vez a importantes discussões para a comunidade. E como espaço público de ciência, educação, tecnologia, queremos reafirmar que sempre estaremos de portas abertas à comunidade para construir parcerias e para destinar os nossos serviços que têm entre suas finalidades ofertar educação profissional e tecnológica em todos os seus níveis e modalidades”, destacou o docente, desejando a todos e todas uma excelente conferência.

Mais Estado e mais recursos para a reconstrução do SUAS


                        Foto: Franco Neri

Em sua intervenção, Clayton Avelar discorreu sobre a conjuntura política e o tratamento que tem sido dado à Assistência Social no Brasil e no DF nos últimos anos. Criticou os elevados cortes orçamentários sofridos pela área desde o golpe de 2016 e afirmou ser urgente combater o discurso falacioso de que “o Estado brasileiro gasta muito, que precisamos de menos Estado, etc.” Para ele, é exatamente o contrário. “O estado brasileiro gasta muito menos do que deveria. E é muito menor do que deveria ser."

Ainda segundo Clayton, “precisamos de mais Estado, de mais equipamentos públicos, de mais servidores porque é isso que significa política pública. É preciso batalhar ferrenhamente para que o orçamento da assistência social não somente seja preservado como também seja ampliado, de modo a garantir novos equipamentos para São Sebastião e finalmente assegurar que o Centro de Convivência seja inserido na estrutura da SEDES, além da construção de mais um CRAS na região, conforme já aprovado em conferências anteriores.”

Em seguida, Manoel Pina abordou os desafios diante da falta de investimento público para a execução dos serviços da área nos territórios. Para ele, é imprescindível a participação dos usuários na construção dessa política. E provocou: “Pergunto a todos vocês que estão neste auditório: qual o SUAS que temos hoje e qual é aquele que realmente queremos? O que podemos fazer para mudar o cenário atual? Quantos usuários temos aqui nesta conferência?"

Nas palavras de Manoel, “o SUAS é nosso, é de todos, e não podemos permitir que ele continue sendo desmantelado por determinados governos e pelo primeiro-damismo, que tratam a assistência como ação de caridade e favor. Temos que melhorar a qualidade do Suas e defender os direitos dos usuários, inclusive o de participarem ativamente dos espaços de debate e formulação de propostas." Essa participação do usuário ainda é muito fraca, lamenta Manoel.

"Eu, como usuária dos serviços, hoje estou aqui para defender a assistência social, pois não basta apenas reclamar se o serviço está ruim, se não funciona, se falta isso ou aquilo. Penso que é de responsabilidade de cada um se colocar em movimento pela mudança. Reclamar não resolve o problema. Então, temos que participar mesmo e ajudar no que for possível para que os nossos direitos e os dos servidores sejam respeitados", registrou Rita Marlene Salcedo, expressando a necessidade de mais engajamento da comunidade nos espaços de discussão do SUAS como meio de unificar esforços com os(as) trabalhadores(as) da área para o fortalecimento dessa política.

O público contou também com as intervenções da deputada federal Erika Kokay (PT/DF) e do Educador Social Everardo Aguiar. 

                                 Foto: Cleidiane Tolentino.

A parlamentar ressaltou o protagonismo das conferências como lugares de muita potência, afetividade e organização dos(as) trabalhadore(as), das comunidades e movimentos populares. Na visão de Erika, "as conferências representam momentos estruturantes para qualquer política pública pois trazem a visão e o sentimento do que realmente precisa mudar. E hoje nós podemos mudar, pois a democracia está viva, firme e de pé, o Brasil voltou. Finalmente tiramos a faixa que estava estufada no peito do fascismo que até então ocupava a Presidência da República!". E completou: "E digo que são nesses espaços democráticos que vocês, especialmente usuários(as) e trabalhadores(as), fazem valer os anseios e necessidades. O chão deste lugar, o IFB, palco de luta e defesa da educação, hoje abraça esta linda conferência da Asssitência Social. Viva a luta de todos vocês! Lutemos por um SUAS cada vez mais forte!"

                                              Foto: Isabella Vieira.

Aguiar, por sua vez, parabenizou os organizadores do evento e defendeu o fortalecimento do trabalho em rede para o alcance dos objetivos das políticas sociais. Na ocasião, anunciou o seu novo livro “Redes Sociais Locais: afetividade que gera efetividade nas políticas públicas”.

A obra é um convite para refletirmos, a partir do tecido coletivo e colaborativo que nos envolve enquanto membros participantes das redes locais, sobre as inúmeras experiências, trocas de saberes, e, evidentemente, os muitos desafios do trabalho em rede. Dentre tais desafios destacam-se a busca permanente por um projeto de sociedade baseado na participação plena e atuação cidadã, bem como o de criarmos laços de afetos capazes de mudar realidades e de integrar políticas públicas para o atendimento das diversas demandas sociais.

Eixos temáticos


                                                     Foto: Isabella Vieira.

Após as intervenções da mesa de abertura, os(as) participantes foram divididos em grupos para discutir, ainda na parte da manhã, os temas relacionados aos cinco eixos da conferência. Depois do almoço, retomaram os trabalhos para aprofundar os temas e organizar a apresentação das propostas defendidas com base em cada eixo indicado.


EIXO 1- Financiamento: financiamento e o orçamento de natureza obrigatória como instrumentos para uma gestão comprometida e responsável dos entes federativos, visando a garantia dos direitos socioassistenciais e contemplando as especificidades regionais do país.

EIXO 2 - Controle Social: Qualificação e estruturação das instâncias de Controle Social, buscando diretrizes democráticas e participativas.

EIXO 3 - Articulação entre os segmentos: teve como objetivo potencializar a participação social no SUAS (Sistema Único de Assistência Social).

EIXO 4 - Serviços, programas e projetos: Universalização do acesso e a integração das ofertas dos serviços e direitos no SUAS.

EIXO 5 - Benefício e transferência de renda: A importância dos benefícios socioassistenciais e o direito à garantia de renda como proteção social na reconfiguração do SUAS.

Momento cultural


                                           Foto: Cleidiane Tolentino. Apresentação das crianças da ASCOM.

Com apresentação de Isaac Mendes e Cleidiane Tolentino, o encontro abriu espaço nos intervalos das discussões para prestigiar os trabalhos artísticos e culturais produzidos por crianças e adolescentes atendidos pelas instituições que atuam na comunidade. 

Foto: Cleidiane Tolentino. Apresentação da banda Brincantes.

O público pôde apreciar as apresentações de Gaby Viola, da banda Brincantes, grupo formado por crianças e educadores(as) do Ponto de Cultura Ludocriarte, e ainda a percussão das crianças e adolescentes da Associação Comunitária de São Sebastião (ASCOM).                            

                                                       Foto: Eliza Maria. Apresentação de Gaby Viola.

Houve, ainda, a participação da jovem Sunny Soares, que encantou o público com sua apresentação de dança do ventre, e declamação de poesia com Isaac Mendes, membro do Movimento Supernova e do Ponto de Cultura Ludocriate/Brinquedoteca Comunitária de São Sebastião.

Propostas para melhorar a Política de Assistência Social no DF e no Brasil

Após vivenciarem momentos de intenso debate, trocas de experiências e muita reflexão sobre a situação da oferta dos serviços, programas e benefícios da assistência a nível de São Sebastião, DF e Brasil, os participantes apresentaram três propostas específicas para a capital e duas para a União a partir de cada eixo temático.

Entre as sugestões apresentadas estão:




Moções

Os participantes da conferência aprovaram duas moções. Na primeira, manifestam repúdio ao Governo do Distrito Federal pela forma violenta e desumana com que o DF Legal atuou no processo de derrubada das casas de aproximadamente 150 (cento e cinquenta) famílias, que habitam área de ocupação na Vila do Boa, em São Sebastião-DF. Denúncias dos próprios moradores evidenciam que não houve planejamento do Executivo para garantir o devido atendimento socioassistencial às famílias após a ação demolitória, especialmente às crianças, idosos e mulheres grávidas. Nem mesmo o Conselho Tutelar esteve presente durante as operações.

Na segunda manifestação, reforçam o apoio incondicional para que Sociedade Civil, autoridades governamentais, parlamentares e demais atores se articulem para garantir recursos financeiros destinados à execução da reforma do auditório do Instituto Federal de Brasília - Campus São Sebastião, viabilizando a revitalização desse espaço tão fundamental para os grupos e movimentos sociais locais, e que sempre esteve de portas abertas, à disposição para o uso de diversas instituições da área de educação, cultura, esporte, lazer, assistência social, trabalho e de toda a comunidade.

Avaliação e resultados

Para Karen Freitas, da Vila da Cidadania, "A Conferência Livre foi palco de propostas incríveis, de denúncias de violação de direitos por parte do Governo do DF, de interações culturais e principalmente de reafirmar a potência da nossa juventude que esteve em peso participando dos diálogos, da construção de propostas e que pretende participar das etapas futuras como delegadas (os) para levar nossas propostas para a Nacional!".

“A Conferência Livre de São Sebastião cumpriu com a função de abrir caminho para um novo momento que se estabelece na retomada da gestão democrática da nação brasileira, em especial empoderando cidadãos e cidadãs deste território para a luta por direitos e enfrentamento das vulnerabilidades e riscos sociais”, avalia Dimas Caltagironi, gerente do CREAS São Sebastião.

No entendimento de Maria Aparecida Brito, “a conferência livre de São Sebastião foi um momento de partilhas ricas entre usuários, trabalhadores e a comunidade. Durante os debates e socializações nos grupos foi frequente o sentimento coletivo em relação ao descaso do governo com as políticas sociais. Tivemos a percepção bastante objetiva do quanto os cinco eixos estão integrados  e presentes nas demandas da comunidade de São Sebastião.”

Enfim, a realização do evento demonstra o potencial e a importância da participação e do controle social para assegurar políticas públicas de qualidade que atendam integralmente as demandas da população, em especial por parte da Assistência Social, que é política estruturante para a construção de uma sociedade mais justa e solidária para todos(as).

Afinal, se somos parte do problema, também somos parte da solução.

Participação e representação social


   

Foto: Eliza Maria.

Além das instituições que compõem a Rede Socioassistencial do território, participaram da Primeira Conferência Livre de São Sebastião representantes das seguintes organizações sociais: Vila da Cidadania; Brinquedoteca Comunitária/Ludocriarte; Obra de Assistência à Infância e à Sociedade - OASIS; Projeto Vida Padre Gailhac; Cáritas Arquidiocesana de Brasília; Casa de Paulo Freire; Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Pinheiral; Centro de Formação e Cultura Nação Zumbi.

Marcaram presença, ainda, Projeto Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Promovida); Projeto Girassol; Casa de Caridade e Creche Santa Rita; Creche Comunitária Monte Moriá; Brigadas Populares DF; Sociedade Bíblica do Brasil-SBB; MOAB - Movimento Orgulho Autista Brasil; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST; Federação Espírita do Distrito Federal; Graal para mulheres; Coletivo Kanindé; JovensEmpreendedores360.com; OSCIP Resgate da Vida; Mediação Comunitária do MPDFT; Movimento Estudantil; Instituto Múltiplas Atividades sociais; Fórum das Organizações Sociais de São Sebastião; Rede Intersetorial de São Sebastião; e Secretaria de Assistência Social/Coordenação de Alta Complexidade, do Ministério do Desenvolvimento e Asssitência Social, Família e Combate à Fome.


28 de outubro de 2022

"Pintou um clima, pintou um crime". Rede Intersetorial de São Sebastião cobra providências ao poder público sobre o caso das adolescentes venezuelanas expostas pelo presidente da República


Manifesto conta com a assinatura de 72 membros da Rede e foi encaminhado aos órgãos de defesa dos direitos da Criança e do Adolescente, entre eles o Ministério Público, além dos conselhos de Psicologia e Serviço Social, e as comissões de Direitos Humanos da Câmara Federal, do Senado e da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

 

                           Foto: Debora Diniz. Reprodução.


Nesta semana, a Rede Intersetorial de São Sebastião se posicionou formalmente por meio de manifesto sobre as declarações dadas pelo Presidente da República e candidato à reeleição em entrevista a um podcast, no dia 14 de outubro deste ano. O mandatário se referiu a uma visita que fez a adolescentes venezuelanas, em abril de 2021, no Setor Habitacional Morro da Cruz, insinuando que ali haveria, à época, exploração sexual de crianças e adolescentes.

Lideranças venezuelanas rechaçaram a fala do presidente e reafirmaram que na ocasião da visita acontecia uma ação social para oferta de curso de estética com a participação de mulheres venezuelanas e pessoas da comunidade.

Segundo declarações do próprio Presidente, naquela ocasião, “pintou um clima”, antes de pedir para adentrar a casa delas. “Eu parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, 3, 4, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas em um sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei. Tinham umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, diz Jair Bolsonaro, em trecho da entrevista.

"Nesse dia, tivemos uma ação que acontecia na casa. Uma brasileira que promovia curso de estética vinha até aqui para colocar em prática o que estava aprendendo, de corte de cabelo, design de sobrancelha. Então, organizamos um grupo de mulheres para participarem dessa ação. Foi apenas isso!", afirma uma liderança venezuelana, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

Em reunião extraordinária, convocada no dia 17 de outubro para discutir exclusivamente o assunto, diversos membros da Rede Intersetorial manifestaram preocupação com o teor das falas do Chefe de Estado, sobretudo com a naturalização de um possível contexto de violação aos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, além da exposição a que foram submetidas as adolescentes venezuelanas por integrantes do alto escalão do governo.

Em um trecho do manifesto, que conta com 72 assinaturas, membros da Rede afirmam que "as insinuações são gravíssimas e sem qualquer fundamento. Ainda que procedessem no sentido de apontar fielmente que ali haveria a prática criminosa de violência e/ou exploração sexual de crianças e adolescentes –, caberia questionarmos: i) com base em que evidências o mandatário afirmou que a casa visitada à época dos fatos seria local de prostituição? ii) quais providências foram adotadas de imediato pelo Chefe do Poder Executivo para apurar e cessar a possível situação de violação de direitos das adolescentes? iii) por que o Presidente trouxe o assunto à baila somente agora, decorrido tanto tempo do suposto episódio?".

Cientes do papel fundamental da Rede enquanto organização comunitária e articulação entre as entidades da Sociedade Civil Organizada e órgãos governamentais de São Sebastião e Distrito Federal, os participantes da reunião decidiram encaminhar o manifesto aos órgãos de defesa dos direitos da Criança e do Adolescente, entre eles o Ministério Público, além dos conselhos de Psicologia e Serviço Social, e as comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, solicitando a adoção das seguintes providências:

1-      Seja o Ministério Público do Distrito Federal e Território acionado para a adoção das medidas que julgar pertinentes, incluindo a apuração das devidas responsabilizações, e a requisição de informações à Embaixada da Venezuela para tomar ciência das ações adotadas pelo consulado diante da situação das adolescentes venezuelanas, bem como que sejam discutidas medidas conjuntas, entre as quais a realização de diligência na cidade de São Sebastião, bem como para avaliar possível cometimento de conduta criminosa pelo Presidente da República;

2  – Seja disponibilizado serviço de apoio psicológico para as adolescentes, em parceria com a Rede e com o Conselho Regional de Psicologia, além de outras entidades parceiras, como Universidade de Brasília e Associação Brasileira de Psicologia – ABP;

3    – Articulação por meio do Conselho Tutelar, do CREAS e do CRAS, visando à inserção das adolescentes, com prioridade, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), de forma pactuada com as vítimas e suas famílias;

4  – Articulação, por meio da Embaixada da Venezuela e organizações da sociedade civil que trabalham na promoção de apoio e proteção às pessoas migrantes e refugiadas daquele país, no sentido de conjugar esforços e ações para combater e sanar a xenofobia, discriminação e perseguição política que a comunidade venezuelana em São Sebastião vivencia;

5     – Adoção de medidas visando preservar a imagem, segurança e integridade das adolescentes e lideranças venezuelanas, garantindo-lhes proteção integral, impedindo, inclusive, que a Presidência da República faça uso político-eleitoral da situação em tela; 

6    – Demais ações julgadas cabíveis com o fim de combater e sanar questões como xenofobia, discriminação, estigmatização, assédio, violência e exploração sexual em nosso país.

Ao final do documento, a Rede reitera o seu posicionamento público e repudia a postura de Jair Bolsonaro. O coletivo reafirma o seu compromisso com a promoção, defesa e proteção dos direitos de Crianças e Adolescentes como prioridade absoluta e reforça a necessidade da adoção de providências para a firme observância aos dispositivos do ECA. 

Cobra, ainda, respeito aos direitos e garantias fundamentais, destinados a todos os cidadãos brasileiros e estrangeiros. E conclui: "Afinal, proteger meninos e meninas é dever de todos nós!"

Para acessar o manifesto da Rede, clique no link:

.https://drive.google.com/file/d/18TydWo_Zt27lzd_6NUhUq_Uk_iadxGao/view?usp=sharing

14 de julho de 2020

Coleta seletiva inclusiva: uma ideia sustentável


Reciclar é preciso. Principalmente em tempos onde reinam o consumismo desenfreado e a degradação da natureza devido à má destinação dos diversos tipos de materiais no meio ambiente.

Esse tipo de comportamento tem ameaçado a sustentabilidade em todo o planeta, não por conta da cultura da desinformação. Mas por pura falta de educação, responsabilidade e consciência socioambiental, práticas que deveriam começar a partir do ambiente de nossas próprias casas.

Instituição formada pela união de famílias de catadores de São Sebastião, a Cooperativa Ecolimpo é pioneira na implementação da coleta seletiva inclusiva na cidade. A instituição também desenvolve ações de reciclagem e trabalha na perspectiva da valorização do catador.

Com a ajuda de alguns poucos voluntários, João Ildebrando Santana, coordenador da cooperativa, faz um trabalho itinerante para incentivar as pessoas a separarem o lixo seco do orgânico para depois proceder a triagem dos materiais que serão reciclados e transformados em novos objetos. O trabalho é feito em um galpão localizado no bairro Bom Sucesso (Pró-DF). Otimista, o sonho de Santana é fazer com que mais parceiros da cidade, como instituições sociais, escolas e comerciantes abracem o projeto.

No intuito de oferecer a melhor destinação final à inesgotável quantidade de resíduos sólidos, seu Santana e seus auxiliares não medem esforços para tentar conscientizar a população e tornar a cidade mais limpa.

"O objetivo da coleta seletiva domiciliar consiste em tirar das ruas justamente os resíduos passíveis de reciclagem. A nossa ideia é não apenas realizar a coleta, mas principalmente dar um destino ecologicamente correta para ela", explica. 

Para incentivar a comunidade a aderir à coleta seletiva e transformar a mesma numa prática cotidiana, Edvânia e Júnior, mobilizadores da cooperativa, gravaram uma mensagem especialmente para você, leitor amigo. Confira.




Para mais informações sobre os dias locais e horários da coleta seletiva, confira a tabela a seguir.





Por Franco Neri

24 de junho de 2020

Ode à São Sebastião

(Por ocasião da celebração dos seus vinte e sete anos)


                                 

Lugar antigo, cidade das mais novas!
Cidade Sua, cidade Nossa.

Casa de quem dela se fez morador
E em suas terras o sonho e o amor plantou!

Celeiro da nova capital da pátria.
Mãe acolhedora dos filhos vindos aos montes
Dos diversos quatro cantos deste país.

Terra remanescente de tempos de opressão à vida.
Dos tempos dos irmãos oprimidos e acorrentados
Tempos de liberdade açoitada e usurpada!
Raízes vivas ainda dos irmãos d`África.

Ontem, olarias e cerâmicas, base e substância da jovem cidade
A suprir a demanda do sonho elevado de JK e da nação.
E eis as atividades dos nossos grandes pioneiros:
Sonhos, ideais, aspirações, esperanças e amor depositados, misturados e entrelaçados num só corpo, numa única massa, numa só alma
De cada tijolo que erguia e dava vida à nova capital !

Tião Areia, Homem das Minas Gerais
De Patos para o Planalto Central, e mais
Homem de sólido sonho e coragem latente!
Mineiro esperançoso e de vasta fé, minha gente!

Ontem, sua nascente Agrovila... (Ah, que vila!)
Paraíso perdido de verdes eucaliptos a despontarem
E preencherem os olhos de vivaz e natural beleza
De estradas de piçarra e barro vermelho
Das grutas límpidas e córregos nascentes
E do cheiro de terra preta molhada...

Uma cidade verde por dentro e por fora!
Com ares de interior a resguardar um pouco
Da cara e da vida do povo brasileiro.

Hoje, a nossa São Sebastião.
Cidade minha, cidade sua e do Tião.
Satélite cosmopolita filha da capital.
Lugar de gente daqui, dali e d´acolá.
Diversa e plural em tudo o que nela vive e há.

Esta é a cidade...
Ontem, exportadora de areia e tijolo
Hoje, celeiro rico exportador de sonhos e cultura
Afrobrasileira para Brasília – Brasil – Mundo!
Glória e vida a ti, Ó cidade de São Sebastião,
Tu que és a cidade a que um dia me apresentei
E para sempre me presenteei.

Francisco Neri

6 de setembro de 2019

ONGs denunciam enfraquecimento da proteção da Amazônia com governo Bolsonaro

Especialistas alertam que mesmo após desastre das queimadas, governo não tomou nenhuma medida concreta a longo prazo. E parece incentivar destruição do bioma

Publicado por Redação RBA 05/09/2019 14:31 



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ARQUIVO EBC
"Não é exatamente que o governo não faz nada, ele incentiva essa situação, por exemplo desautoriza operações do Ibama, persegue fiscais do ICMBio, coloca culpa em ONGs, em indígenas", ironiza Marcio Astrini
São Paulo – Nesta quinta-feira (5), em que se celebra do Dia da Amazônia, Organizações Não-Governamentais (ONGs) denunciam que o governo de Jair Bolsonaro, mesmo após todo escândalo internacional sobre o aumento de focos de incêndio e queimadas no bioma, não apresentou nenhuma medida concreta de combate ao desmatamento. “O máximo que fez foi enviar o Exército para estancar uma sangria, e tem data, o Exército em algum momento sai de lá”, afirma o coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, Márcio Astrini.
Em entrevista à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual, o coordenador destaca que, ao contrário, o governo Bolsonaro parece enfraquecer institucionalmente a proteção dessa que é a floresta com fauna e flora mais rica do planeta.
“Não é exatamente que o governo não faz nada, ele incentiva essa situação, por exemplo desautoriza operações do Ibama, persegue fiscais do ICMBio, coloca culpa em ONGs, em indígenas, diz que vai abrir terras indígenas para mineração e agropecuária, há todo momento o governo tá fazendo declarações ou tomando atitudes que vão criando um quadro contra a floresta. O crime ambiental, que está instalado, já entendeu o recado e está agindo, infelizmente a ação deles resulta nisso que a gente está vendo, muito fogo e destruição da Amazônia”, adverte Astrini.

Ouça reportagem sobre Dia da Amazonia na Rádio Brasil Atual

Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) sobre a taxa de desmatamento da Amazônia, mostram um corte de 1.209 quilômetros quadrados em julho, o mais alto índice de desmatamento em um mês desde 2015, também 102% maior do que o observado no mesmo período do ano passado.
Especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA) Nurit Bensusan observa que não é apenas a biodiversidade, as espécies, os povos indígenas e comunidades locais que perdem com o enfraquecimento da Amazônia. “Esse são os impactos mais imediatos”, ressalta. “Mas tem mudanças climáticas locais que podem afetar a qualidade de vida das pessoas, a disponibilidade e qualidade de água, temos várias capitais que passaram por graves crises hídricas, São Paulo e Brasília são exemplos. E essa situação pode se agravar muito a curto prazo com a destruição da Amazônia, mas você também tem todo um prejuízo para a agricultura e o agronegócio brasileiro que dependem muito do regime de chuvas”, analisa Nurit.
Mas, apesar desses efeitos da crise ambiental e suas proporções, o coordenador de políticas públicas do Greenpeace destaca que a mobilização da sociedade civil em torno da defesa do bioma deve ser celebrada neste Dia da Amazônia. “A vigilância sobre a Amazônia ela tem de ser constante, isso é um patrimônio nosso, dos brasileiros, cabe a nós cuidar dessa floresta, é por isso que é tão importante as pessoas se mobilizarem e estarem atentas ao que está acontecendo”, destaca Astrini.





DIA DE LUTA

Atos nesta quinta-feira em várias cidades do país exigem a preservação da Amazônia

“Se nós queremos falar de conservação da Amazônia, é fundamental nós dizermos quem está atacando e destruindo os nossos territórios”, diz líder do MST
  07:31
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ESA / NASA – L. PARMITANO
Foto feita por astronauta da Nasa, em 24 de agosto, mostra a floresta amazônica tomada por incêndios
São Paulo – Se em anos anteriores, o Dia da Amazônia, 5 de setembro, passou despercebido, desta vez será diferente. Não por um motivo nobre, mas graças à crise ambiental em que o governo Bolsonaro jogou o país, com suas declarações contra as medidas ambientais, o que foi um “acendedor” das queimadas na região da floresta.
Nesta quinta-feira (5), são realizados atos em várias cidades do país contra a destruição da floresta. Haverá caminhadas e panfletagens. A atividade também vai questionar o impacto de grandes obras para os povos tradicionais (veja agenda abaixo).
Antecipando-se à data, o plenário da Câmara dos Deputados promoveu uma comissão geral na manhã desta quarta-feira (4) para debater a preservação e a proteção da Amazônia. Um dos destaques da sessão foi a fala do membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Luiz Zarref.
“Se nós queremos falar de conservação da Amazônia, é fundamental nós dizermos quem está atacando e destruindo os nossos territórios. Tem nome. Quem está em cima do trator puxando o correntão é o agronegócio. Quem está nas dragas, destruindo os nossos territórios é a indústria da mineração. São os megaprojetos de logística para roubar os nossos minérios, a nossa biodiversidade, que estão destruindo a Amazônia”, afirmou.
“As queimadas que nós estamos vendo são uma etapa de um processo que já vem de quatro anos, de violência, de destruição dos nossos territórios, de grilagem de terra, de desmatamento. E depois que passar a temporada dessas queimadas históricas e recordes, mais violência virá, portanto, é fundamental que nós digamos quem são os responsáveis e quem estimula esses responsáveis, que é o governo Bolsonaro”, disse ainda.
No Amapá, a mobilização será no município de Ferreira Gomes. A proposta, segundo Moroni Bemuyal Guimarães, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), é dialogar com secretarias do estado, escolas, representações indígenas e o sindicato dos servidores federais.
“O Amapá é o estado mais preservado entre aspas. O agronegócio está chegando com tudo aqui e nós temos quatro hidrelétricas que também vieram causar um grande estrago, principalmente as nossas populações ribeirinhas, pescadores, quilombolas e também ameaçando as nossas comunidades indígenas”, alerta.
Frede Rênero, da coordenação do MAB de Itaituba, no Pará, afirma que os ciclos econômicos de exploração da floresta não trouxeram benefícios para seus habitantes.
“Fazer um ato em defesa da Amazônia é muito importante, considerando os vários ciclos econômicos que essa região já viveu, que retiraram o direito do povo dessa região, e que de fato não melhoraram a vida do povo. A vida dessas populações está em risco, porque em grande parte nós dependemos da floresta, dependemos da Amazônia para sobreviver”.
Segundo Rênero, os projetos para a Amazônia serviriam apenas aos interesses de grandes grupos econômicos.
“Uma coisa é importante: a gente ajudar a população a refletir, porque a Amazônia tem que servir para melhorar a vida do povo e que ela não tem que servir para melhorar a vida de alguns, que em grande parte são os banqueiros, os grandes fazendeiros, as grandes corporações que têm se apossado e se apropriado do território com o intuito de explorar a cada vez mais encher os bolsos de dinheiro”, afirma.
Os atos estão confirmadas quatro cidades do Pará (Belém, Itaituba, Altamira e Marabá); em três do Ceará ( Fortaleza, Caucaia e Jaguaribara); em Manaus (AM), Macapá (AP), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Brasília m(DF) e São Paulo e Eldorado (SP).
Programação
Belém do Pará 
17h às 20h – Mercado de São Brás
Ato político com exposição e apresentação de grupos populares, incluindo o Batuque das Marias e outros grupos. Às 20h, haverá caminhada até o Museu Emílio Goeldi, com abraço simbólico à instituição
Itaituba – Pará, dias 5, 6 e 7
15h – Auditório do Sintepp
Aula pública no dia 5, seguida de panfletagem no caminho da avenida Getúlio Vargas, onde será realizado o desfile da Semana da Pátria. No dia 6, a programação será no instituto Federal do Pará (IFPA). No dia 7, em articulação com a Igreja católica, haverá um apelo à questão da água potável e da sua importância para a Amazônia.
Marabá – Pará
19h – Vila do Espírito Santo
Ato ecumênico.
Altamira – Pará 
8h – Praça da Bíblia
O ato terá participação de ativistas, organizações populares, professores e estudantes universitários, com aula pública na avenida Pedro Gomes.
Ferreira Gomes – Amapá 
8h – Praça do bairro da Montanha
Ato com organizações ambientais, estudantis e da juventude, movimento sindical, entidades religiosas, pescadores, ribeirinhos, quilombolas e artistas.
Presidente Figueiredo – Amazonas 
Vila de Balbina – horário ainda não definido
Porto Alegre – Rio Grande do Sul 
17h – Esquina democrática
São Paulo – Capital, dia 5
17h – Na Praça da República
Na capital paulista, o evento se une a III Marcha das Mulheres Indígenas.
Eldorado – São Paulo 
9h às 12h – No quilombo do Sapatu.
Brasília – Distrito Federal 
17h – Concentração na Rodoviária do Plano Piloto às 17h e caminhada até o Ministério do Meio Ambiente
*Com informações do Brasil de Fato


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