Um galpão localizado às margens da Avenida São Sebastião, próximo à entrada do setor Morro da Cruz, de longe chama a atenção de quem passa. Em um primeiro momento, a enorme abundância de lixo concentrado em uma área cuja extensão é de, aproximadamente, a de um campo de futebol, deixa evidente que ali se trata de mais um dos tantos lixões e aterros que se espalham ilegalmente pelos rincões da cidade, certo? Errado.
Com um carrinho improvisado fabricado com pneus de bicicleta e sucata de geladeira, ladeado por dois banners que tentam "vender" a ideia do trabalho de coleta seletiva, seu Santana e os ajudantes percorrem rua a rua, casa a casa e recolhem lixo às pampas e assim ressignificam o valor e a utilidade daquilo que usamos, abusamos e depois nos desfazemos sem a menor preocupação, coisas que supostamente não teriam mais a menor serventia para nada. E haja carrinho e disposição do grupo para recolher tanto lixo produzido.
À primeira vista, o trabalho pode até parecer de formiguinha, mas depois de encetarmos uma boa palestra com seu Santana, fica evidente que a iniciativa é uma intenção muito válida e necessária em tempos como este em que a onda de consumismo desafia afoitamente os limites da natureza e atropela brutalmente os pactos e convenções internacionais, firmados em especial pelos países emergentes em prol de um meio-ambiente social e economicamente mais sustentável e menos poluído para as presentes e futuras gerações.
Pensando assim, chega a parecer que seria uma questão de tempo para que o ser humano assimilasse a fundamental importância da coleta seletiva e de outras ações ambientalmente corretas, haja vista o estado crítico em que se encontra o planeta. Neste tocante, não ficam de fora algumas áreas de São Sebastião, degradadas predominantemente em conseqüência, dentre outros fatores, da má destinação do lixo. Mas, ao contrário, nem mesmo os horrendos e trágicos cataclismas que pipocam mundo a fora tem alarmado a consciência humana. A qualquer momento, sem hora marcada e sem avisar o dia e o local, a natureza ainda há de expurgar de uma vez por todas suas dores e rancores contra a humanidade, numa fulminante "catarse natural".
No intuito de oferecer a melhor destinação à inesgotável quantidade de resíduos urbanos incessantemente produzidos, seu Santana e mais dois amigos, Stênio e Manoel, criaram a ONG Eco vida Recicláveis. “O projeto de coleta seletiva domiciliar consiste em tirar das ruas justamente os resíduos passíveis de reciclagem. A nossa ideia é não apenas realizar a coleta, mas principalmente dar um destino adequado para ela”, esclarece Santana.
Para seu Manoel, cofundador do projeto, o maior desafio mesmo é conscientizar a população e fazê-la aderir a essa iniciativa. “Nossas ações já tem surtido um certo efeito. As pessoas estão nos ligando e já começam a fazer o processo de seleção do lixo em suas casas”, confirma, otimista.
Apesar das boas ideias e da boa vontade dos responsáveis pelo projeto Eco Vida, sabemos que o apoio e a participação do Poder Público, da iniciativa privada e da comunidade são fatores substanciais e decisivos para que a iniciativa deslanche de vez por aqui. “Estamos lutando com muita dificuldade e sabemos que não é fácil educar quem quer que seja nesse sentido, mas contamos com o apoio de todos para termos uma cidade mais limpa, uma cidade que saiba oferecer a melhor destinação ao lixo que produz”, reconhece Santana. O cuidado com o nosso lixo, mais do que uma questão de consciência, é uma questão educacional.
O projeto está sendo desenvolvido em parceria com várias escolas de São Sebastião-DF e busca o apoio da Administração Regional e de empresas como meio de ampliar o trabalho de coleta seletiva, estendendo-o também para residências e outros espaços sociais, como igrejas, ONGs, órgãos públicos e o comércio. Para participar do projeto e ou/colaborar com o mesmo, basta agendar uma visita e solicitar a instalação de um mini-contêiner no local desejado. Adote um mini-contêiner e contribua para uma cidade mais pura e limpa.
Contato e agendamento:
61-9916-4348 (Falar com o seu Santana)
Para mais informações sobre coleta seletiva, clique aqui.
Por Francisco Neri
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