Escola em São Sebastião  oferece mais de 40 atividades interdisciplinares
  
Fonte: Correio Braziliense. Disponível em http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/05/13/interna_cidadesdf,252003/escola-em-sao-sebastiao-oferece-mais-de-40-atividades-interdisciplinares.shtml. Publicado em 13/05/2011.
Em uma sala de aula, os alunos  ensaiam jogadas de xadrez. Perto dali, um grupo testa a voz no karaokê de  músicas em inglês. Nos fundos da escola, em um viveiro, outra turma aprende a  cultivar plantas nativas do cerrado. E as lições se estendem a áreas como  fotografia, reciclagem, astronomia, teatro... Além da grade escolar com as  disciplinas habituais, como matemática e português, os alunos do Centro  Educacional São Francisco (Cesf), situado em São Sebastião, têm acesso a um  vasto cardápio de projetos interdisciplinares: são mais de 40.
“Queremos que a aprendizagem seja  criativa, prazerosa e lúdica, o que torna a escola mais atrativa”, explica a  diretora do Cesf, Leísa Sasso. A maioria dos projetos está inserida na categoria  que o Ministério da Educação chama de Parte Diversificada (PD), cujo objetivo é  proporcionar experiências escolares variadas e enriquecer o currículo. No  Distrito Federal, nenhuma escola da rede pública se empenha tanto em cumprir  essa meta quanto o Cesf, que atende a quase três mil alunos, da 8ª série do  ensino fundamental ao 3º ano do nível médio. No total, são oferecidas 34 opções  de PD. Entre elas, há aulas de mosaico, futsal, caligrafia, confecção de  bijouterias e até história do rock. A cada bimestre, os alunos escolhem uma  oficina diferente.
Ao chegar à escola, o professor  recém-contratado é convidado a desenvolver um projeto. “Perguntamos que  atividade ele gosta de fazer além de dar aula. Estimulamos a desenvolver um tema  transversal relacionando-o a sua disciplina”, afirma Leísa. O convite foi feito  ao professor de sociologia Rafael Barbosa, que ingressou no corpo docente da  escola no início deste ano. “Achei que só ia dar uma aula burocrática, mas pude  ensinar algo de que gosto muito”, diz Rafael, que escolheu dar lições de  fotografia, cujos fundamentos aprendeu ao frequentar aulas da Faculdade de  Comunicação da Universidade de Brasília. “Os alunos viam a foto como algo banal.  Quis exercitar com eles a linguagem visual, a transmissão de uma ideia por meio  da imagem”, comenta o professor.
Extraclasse
Nem todos os projetos desenvolvidos  pelo Cesf pertencem ao domínio da Parte Diversificada. Alguns deles, que a  diretora Leísa classifica como “extraclasse”, são simplesmente iniciativa do  colégio. “Nossa proposta estimula a produção. É uma pedagogia de projetos”,  define Leísa.
A verba repassada pela Secretaria de  Educação (SE) do DF não é suficiente para bancar essas atividades adicionais.  Para viabilizá-las, o colégio precisa de parceiros. Um deles é a Embaixada da  Holanda, que cedeu R$ 35 mil para a concretização do projeto Liga Verde. Parte  do dinheiro foi empregado na construção de um viveiro, onde são cultivadas e  reproduzidas mudas de espécies nativas da região. A ideia é que 20% delas sejam  usadas na recuperação de uma Área de Proteção Permanente (APP) vizinha à escola.  “Queremos incorporar essa área ao terreno da escola”, planeja Leísa.
O Cesf se aliou ao Instituto do Meio  Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram-DF), que apoiou a realização de  oficinas com os alunos e capacitou professores para inserir o tema em suas  aulas. O colégio pretende transformar a APP em uma espécie de parque aberto à  visitação pública. Para conseguir catalogar a diversidade de espécies, o colégio  firmou outra parceria, desta vez com o analista da Embrapa Lenilton de Jesus  Miranda. Lenilton é presidente da Associação dos Ilustradores Científicos do  Centro-Oeste e, desde o ano passado, está dando aulas como voluntário a uma  turma de 10 alunos. O grupo é responsável por coletar, classificar e representar  em ilustrações as plantas.
O estudante do 2º ano Nataniel  Ferreira, 16 anos, é um dos pupilos mais atuantes. “Temos que entender do que a  planta é feita para desenhá-la com fidelidade. O observador tem que identificar  a espécie logo que bater o olho na imagem", explica. Nataniel foi um dos alunos  que coloriram em grafite o muro da escola que dá para a rua. “Antes de entrar  aqui (no CESF), eu era pichador. Agora, sou grafiteiro”, sentencia.
Mediação de  conflitos
Nataniel também se destaca em outro  projeto extraclasse do Cesf, o de mediação de conflitos, criado em 2009. A  iniciativa é uma parceria com o Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos  Humanos da UnB, que cedeu um grupo de bolsistas, e com o Instituto Pró-Mediação,  organização sem fins lucrativos. O projeto busca capacitar alunos, professores e  servidores para resolver desentendimentos que ocorrerem em ambiente  escolar.
Entre os estudantes que participaram  do curso de mediação, alguns são ex-brigões. O propósito é canalizar para o bem  a “liderança negativa” que eles exerciam, nas palavras da diretora Leísa.  Nataniel está entre os que davam trabalho. “Eu era meio ignorante, muitos amigos  meus tinham medo de mim, de eu bater neles. Agora, sinto que eles gostam da  minha presença”, conta o rapaz.
A escola de São Sebastião também  funciona aos sábados, quando oferece aulas por meio do projeto Escola Aberta, do  MEC. As atividades são abertas ao público, que pode receber lições gratuitas de  xadrez, origami, teatro, bijuteria. 
Fonte: Correio Braziliense. Disponível em http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/05/13/interna_cidadesdf,252003/escola-em-sao-sebastiao-oferece-mais-de-40-atividades-interdisciplinares.shtml. Publicado em 13/05/2011.

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