20 de março de 2018

A História e a verdade



Em 8 de março de 2018, já eram mais de 34 universidades que tinham aderido à proposta de cursos que discutirão o Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil, na mesma linha inicial da Universidade de Brasília. Esse número cresce a cada dia, e tende a aumentar ainda mais.
Com tal postura, essas instituições reiteram o seu compromisso e coerência com a verdade e a História. Neste ponto, a Universidade, como propagadora de conhecimentos e saberes, é elemento fundamental para esclarecer os brasileiros e brasileiras sobre o que de fato representou o famigerado “impeachment” forjado por Eduardo Cunha, Aécio, Temer, CIA e muitas outras figuras nefastas da política nacional.
O curso reflete o real papel da universidade pública em problematizar a história recente do Brasil. As iniciativas configuram-se num nobre gesto de solidariedade aos ataques sofridos pelo prof. Luís Felipe Miguel da UNB e de evidente repúdio aos posicionamentos do Ministro da Educação, o qual destilou o seu mais profundo desrespeito ao princípio constitucional da autonomia universitária. 
Para além disso, discutir o golpe de 2016 no ambiente acadêmico faz da universidade e de seus estudantes protagonistas de seu próprio tempo e os capacita a entenderem o contexto em que se engendrou toda a arquitetura do golpe e a farsa midiática,  jurídico e parlamentar que deu sustentação a esse trágico episódio que destituiu da Presidência da República Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de brasileiros e brasileiras. A iniciativa de um curso como tal é elementar para se compreender como se desenrolaram as atuais ações do governo Temer, que, com a devida vênia aos artistas do picadeiro, mais parece um circo político.
Estudar o golpe perpetrado em 2016 contra a população e a democracia brasileira é condição basilar até mesmo para compreendermos o sentido das gravações feitas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e divulgadas pela imprensa naquele mesmo. Machado fechou um acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato. A gravação contém trechos em que o senador Romero Jucá (MDB/RR) afirma ser necessário "estancar a sangria", referindo-se às investigações, propondo como solução o impeachment de Dilma Rousseff:
Jucá - Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. (...) Tem que ser política, advogado não encontra (inaudível). Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
Machado - Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel (Temer).
Jucá - Só o Renan (Calheiros) que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado - É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá - Com o Supremo, com tudo.
Machado - Com tudo, aí parava tudo.
Jucá - É. Delimitava onde está, pronto.
Como os efeitos do golpe ainda não cessaram, não é de se estranhar que a imprensa e o próprio judiciário tenham tratado com a maior naturalidade possível o recente encontro de Temer com Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, digamos, para tomar um café e colocar a conversa em dia. Em que país sério um presidente investigado toma café com o juiz que o investiga?
Temer está diante de um incômodo neste momento. O ministro Luís Roberto Barroso pediu a quebra de sigilo bancário do presidente para instruir um inquérito aberto contra ele na corte. Barroso determinou a quebra de 1º de janeiro de 2013 a 30 de junho de 2017 em investigação do decreto dos portos. O peemedebista é suspeito de receber propina para favorecer empresas do ramo portuário na publicação que alterou regras do setor.
Justamente pelo fato de o golpe se travestir de diversas formas, mais do que nunca é válido aqui reafirmar o seguinte dito: quem não conhece a própria história, está fadado a repeti-la. Que cada cidadão e cidadã esteja aberto a problematizar e entender a história deste País chamado Brasil.
Viva a história. Viva a verdade.

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